As Doze Badaladas

quarta-feira, dezembro 31


1. Que o próximo ano me corra tão bem como este.
2. Que a crise acabe, que já não posso ouvir falar dela.
3. Que o Sócrates termine o curso e que vá trabalhar para outro lado qualquer.
4. Ganhar o euromilhões. (Esta tinha que ser.)
5. Quero um bar lésbico/gay em cada bairro de Lisboa e, já que é para pensar em grande, em todas as cidades do país.
6. Que o trânsito no natal que vem diminua. E no resto do ano também.
7. Uma casa toda em vidro no meio de uma praia paradisíaca, como prenda de anos.
8. Quero uma presidente da câmara gira, lésbica e com casamento planeado para este ano ainda.
9. Quero um primeiro ministro gay... assumido!
10. Quero que a igreja acorde para a vida e que o papa entre na marcha gay .
11. Que o gay pride este ano seja em cima da ponte 25 de Abril. (Talvez não seja boa ideia...)
12. Que não sejam precisas passas para o ano. (Eu não comi as minhas o ano passado.)

Bom 2009!

Conto de Natal lésbico – versão angélica

quarta-feira, dezembro 24



Nestes dias frios sabe bem voltarmo-nos para dentro e recordarmos memórias quentes e doces de outros tempos. Apesar de ser verdade que não há nada como viver o momento presente, por vezes são também essas memórias que nos ajudam a apreciar ainda melhor aquilo que temos. Posto isto e desejando a tod@s um excelente Natal, aqui vai mais uma memória desenterrada do meu baú para vossa apreciação.

Terão passado mais de trinta anos sobre aquilo que agora conto, talvez a história não tivesse sido assim, mas quando a embrulhei quis preservá-la com toda a inocência dos meus verdes anos. Não foi a minha primeira experiência sexual com uma mulher, mas terá sido das primeiras, naquelas alturas em que tudo era ainda praticamente desconhecido, e fascinante também pelo muito que se imaginava e adivinhava por trás de meninas de caras de anjo com cheiro a terra molhada e a pinheiros bravos. Seríamos todas um pouco selvagens, naquele tempo não havia quem nos controlasse como hoje. Ninguém nos perguntava o que fazíamos nem com quem, desde que as tarefas diárias aparecessem cumpridas.

Com dezasseis anos eu era já uma mulher feita, carregando o fardo mensal que me tornava fértil, apesar de me sentir dona dum útero morto à partida, mero ponto de passagem dos meus óvulos virgens de semente de homem que eu não queria nem desejava em mim. O prazer sexual já o tinha descoberto, e os meus sonhos e fantasias encontravam-se povoados de belas ninfas louras, angélicas e sensuais que me cobriam de carícias e beijos e me faziam acordar num estado pré-orgásmico difícil de justificar.

A aldeia vivia no frenesim habitual da época festiva. Todas as famílias se preparavam para a festa familiar que se avizinhava e a minha não era excepção. O meu pai andava fora, em busca de trabalhos sazonais, e as minhas avós afadigavam-se na preparação dos animais para a matança e posterior comezaina. Alheia ao que se passava à minha volta eu e Joana preparávamos a nossa fuga de casa. Joana era a minha paixão no momento, aquela que eu mais amava desde sempre. Era mais velha do que eu mas era eu que liderava os nossos jogos passionais. Ainda hoje penso como é possível uma menina, quase ainda criança, saber tanto como eu já sabia sobre a anatomia feminina e sobre as melhores maneiras de proporcionar e obter prazer duma mulher. Talvez eu tivesse mesmo nascido com o diabo no corpo, muito curiosa sem dúvida, e diferente, bastante diferente de tudo o que eu conhecia naquela aldeia perdida nos confins do mundo civilizado.

Se é verdade que algumas de nós se reconhecem pelo mero olhar, eu possuo essa característica e assim que vi Joana soube que ela era como eu. Talvez seja pela profundidade, pelos segundos extra que deixamos que os nossos olhares se passeiem pelo corpo que se nos oferece com plena aprovação e consentimento da dona duma pele tão apetitosa que nos dá vontade de tocar e acariciar. Assim Joana olhou para mim e eu para ela e desde esse dia decidimos que o presente de Natal uma da outra seria um orgasmo a dobrar. Serão coisas de juventude inconsciente mas nessa altura uma noite com Joana era o melhor presente que me poderiam dar.

Hoje não me recordo se Joana era loura ou morena, mas sei que tinha uns olhos de um azul escuro, quase violeta. Gosto de imaginá-la loura, usando uma paleta de cores muito minha, pinto-lhe umas bochechas de tons rosados, desenho-lhe um nariz pequeno e empinado e uma boca não demasiado grande com uns lábios carnudos e muito sensuais, seguindo-se-lhe um corpo perfeito de ninfeta com pequenos seios redondos e macios como duas meias maçãs, como se tivesse saído dum qualquer conto de fadas pronta para ser apreciada por quem a esperava com uma gula desmesurada própria da idade da eclosão dos sentidos. O que eu suei por ela, de cada vez que a sentia perto de mim, a olhar para mim, querendo-me como eu a ela, da mesma forma, escorregando as duas para sonhos carregados de erotismo e prazer numa idade em que quase nos masturbávamos com o olhar.

Foi ela que quis esperar pela noite de Natal, dizia que nessa noite ninguém nos viria procurar, ninguém se daria a esse trabalho sabendo que não vale a pena procurar quem não deseja ser encontrado. A noite de festa faz-se de quem quer ali estar e não dos que fogem procurando algo que ninguém ali lhes pode dar. E o que eu queria só estava ao alcance de Joana, da minha ninfeta de olhos violeta e pele clara e macia.

Aproveitamos a saída dos adultos para a missa e fugimos para o esconderijo que tínhamos previamente preparado. Eu tinha encontrado uma braseira no sotão de casa de uma das minhas avós e Joana tinha levado cobertores que espalhamos no chão do quarto dos seus irmãos mais velhos que já não moravam ali. A cama era velha mas o colchão sempre providenciava mais conforto do que o chão de madeira velha pelo que arrastámos o colchão até perto da braseira para nos mantermos quentes enquanto durasse a nossa entrega mútua de presentes. Joana tinha conseguido roubar uma garrafa de cidra a um dos seus tios e começamos por brindar a nós, ao nosso primeiro Natal juntas, e àquilo que seria a nossa primeira noite de amor. Eu já tinha alguma experiência, a Joana não, por isso fui eu que lhe tirei o copo da mão e suavemente a empurrei de encontro ao colchão onde nos tínhamos sentado. Sentindo os seus olhos sorridentes em mim aproximei-me e comecei a desapertar-lhe os botões da camisa, inebriando-me com o seu cheiro quente e doce à medida que aproximava a minha cara dos seus pequenos seios redondos e perfeitos.

Há momentos que queremos preservar igual, parar o tempo, sentir o mesmo durante muito mais do que aqueles breves segundos em que a minha boca tocou na pele macia dos seios de Joana e alguma coisa se iluminou dentro de mim. Senti o calor a espalhar-se da minha língua para a minha boca, descendo pelos meus seios até atingir em pleno o meu sexo quente e molhado. Despi Joana por completo para finalmente conseguir contemplar o seu corpo ali deitado em oferta merecida e conquistada por mim.

É sempre difícil para quem ama o belo expressar por palavras aquilo que é amar uma mulher, como descrever o seu cheiro, a suavidade da sua pele, a doçura do seu sabor, a cor maravilhosa das auréolas dos seus seios, daquilo que se esconde para lá da penugem do seu sexo... deveria pintá-la em vez de escrevê-la, e mesmo assim nunca lhe faria justiça!

Não queria atemorizá-la, sabia que ela nunca tinha sido tocada, prossegui da forma mais gentil que consegui, acariciando-a e beijando-a à medida que a minha boca descia pela pele macia da sua barriga. Aqueles eram os primeiros caminhos do prazer no corpo de Joana, traçados por mim que a amava mais do que a própria vida! Tinha que ser tudo memorável, uma experiência única que jamais seria esquecida por ambas!

Joana não teve medo e entregou-se totalmente a mim, abrindo as pernas e deixando-me escorregar até chegar bem perto do seu sexo. Olhei-a e vi o assentimento pleno que me convidava a avançar por isso o fiz, milimetricamente, célula a célula, até passar a barreira da penugem, atravessando-a primeiro com os dedos e depois com a língua. Fechei os olhos para sentir e saborear mais intensamente aquele momento tão bom. Joana sabia a... uma mistura de... maçãs com compota de framboesas... mas com um cheiro intenso a flores... jasmins... orquídeas... algo de indescritivelmente bom! Eu sentia que ela estava a gostar do prazer assim proporcionado, pela forma como o seu corpo se mexia e o seu sexo se levantava de encontro à minha boca expectante e desejosa de saborear mais ainda. E eu era a primeira a provar o sabor de Joana e saber que nunca ninguém tinha chegado ali servia como combustível para a minha já de si intensa excitação!

A minha língua continuava a dançar à volta do interior do sexo de Joana, passeando-se pelas bordas, sorvendo aquele sabor intenso e perfumado, tão doce... até que ouvi Joana a gemer, senti o seu corpo tremer e de repente a minha recompensa chegou na forma de um líquido espesso e abundante, transparente e tão doce como o mel. Inundou-me a boca, o queixo, o pescoço, transbordou-me até aos seios, fiquei coberta do néctar puro e doce da virgem que se tinha deixado possuir e deixei que os meus poros absorvessem a santidade dele e do momento! Inebriada que me encontrava pelo cheiro do sexo de Joana nem me apercebi que ela já se tinha apoderado do meu e vigorosamente me arrancava das entranhas um inesperado orgasmo poderoso e profundo! Assim as duas baptizadas uma pela seiva da outra nos enrolamos nos cobertores a beber cidra e a rirmos daquilo que tínhamos feito e que nos tínhamos dado nessa noite de Natal.

E é isso que vos quero desejar a tod@s, que passem uma noite de Natal bem quente e sensual ao lado de quem mais amam, com muito carinho, amor e paixão!

E o Beijo, hum?!

segunda-feira, dezembro 22

Nos preparativos para a grande passagem de um ano para o outro surgiu uma pequena dúvida:
Como se passa um ano sem o selo do costume, o beijo? É que um casal amigo não assumido perante as crianças colocou uma cláusula obrigatória, a de não haver beijos na boca e coisas do género. Cláusula aprovada, festa organizada e várias hipóteses em vista:
1. Fechar as crianças, acidentalmente, na casa de banho por volta das 23:5o.
2. Fecharmo-nos a nós, acidentalmente, na casa de banho por volta das 23:5o.
3. Embriagar as crianças a ponto de elas não saberem o que estão a ver.
4. Dizer que é um jogo que fazemos e que este ano calharam aqueles pares.
5. Dizer que gostavamos de experimentar a sensação de ser a Diana Chaves por um momento.
6. Dizer que comemos uma passa da outra pessoa e que isso não dá sorte.
7. Embriagarmo-nos a nós próprias a ponto de não sabermos o que estamos a fazer...
Sem beijo é que não!

Um utópico 2009!


Estamos inevitavelmente em tempo de balanço e pensamentos profundos. Ninguém escapa. Quem não gosta do Natal tem sempre, na semana a seguir, o final de ano. E qual não é a alma que não pára, nem que seja um minutinho, a pensar no que já passou e no que há-de vir?

Pois a minha reflexão este ano, aqui no blog, vai para a discriminação. Grandes progressos dirão uns, grandes paragens dirão outros, e até há espaço para os desiludidos que já contavam com algumas medidas como certas. Não há publicação que não tenha abordado o tema nem programa de televisão ou rádio que não falasse na dita. Há dois dias, mais do mesmo. Pronto, também vou dizer qualquer coisa...

Surgiu-me a reflexão do ano: pertencemos tod@s a alguma minoria e simultâneamente a alguma maioria. Ou porque é a cor da pele ou a orientação sexual, uma deficiência qualquer, um problema de saúde, ausência de pai ou mãe, desemprego, ou por outro lado, grande vantagem financeira, familia hiper-numerosa, ou são muito altos ou muito baixos, muit@s namorad@s ou nenhuns, inteligência que ninguém aguenta... Já estou a ouvir alguém dizer que "pois, há coisas e coisas!".

Pois há! Há as nossas e a dos outros. Ser diferente e ter consciêcia dessa diferença é ter a oportunidade de poder aprender alguma coisa. Está tudo nas nossas mãos. Tenham uma vida diferente e indiferente. Bom ano! ... Não custa um bocadinho de utopia...

Sugestão de Leitura

quarta-feira, dezembro 10



Ouvi a Senhora falar na televisão e gostei. À falta de referências bibliográficas à altura para a apoiar na descoberta da sua orientação sexual e no seu eventual coming out, Laura Levin resolveu escrever um livro que ajudasse outras mulheres que procurassem o mesmo. Chama-se o dito, "Same sex in the city".

Gostei porque aprecio pessoas que tomam nas suas mãos coisas que acham que deviam ser feitas. À opção do queixume e da inércia preferem entrar em acção e melhorar o que acham que tem que ser melhorado.

Gostei porque apesar de não ter nada contra chamar as coisas pelo nome e de isso ainda ser necessário para torná-las visíveis e "normais", concordo com a opinião da autora de que os rótulos são para a roupa.

Gostei porque apesar de não saber a idade da rapariga, pareceu-me bastante jovem ou seja, na minha opinião, não perdeu tempo até ser crescidinha para fazer as coisas pelo seguro, que é como dizer quando for mais fácil para ela. Assumiu essa parte de que nem tudo são rosas quando se trata da nossa vida pessoal. Há que lutar contra as adversidades, às vezes...

E já agora, para terminar, faço minhas as suas palavras e uso um rótulo que poderia ajudar na aceitação das diferenças: sejam "bi happy".

Podia Acabar o Mundo!

sexta-feira, dezembro 5

Até podia acabar o mundo antes de eu pensar que a ficção portuguesa ia passar a exibir em horário nobre uma telenovela com um casal de lésbicas ao beijos na boca!

Epa, que isto está melhor que no Brasil. Fiquei surpreendida, sim senhora. Parece que não é só o beijinho da praxe e que o casal vai ser encarado pela produção como mais uma qualquer parelha a fazer parte da história.

Fica o registo e o "viva a indiferença!". Resta-me esperar algum efeito em algumas cabeças no sentido de desfazer preconceitos, e talvez lá mais para 2050 um L Word português... e já agora, se não for pedir muito, umas leis mais igualitárias.

 

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