"60% dos portugueses votou a favor do casamento homossexual"??

segunda-feira, setembro 28



Terão sido assim tantos (60% dos portugueses votaram a favor do casamento entre homossexuais) como diz Miguel Vale de Almeida, o primeiro deputado homossexual assumido a ser eleito (pelo PS) para a Assembleia da República?

Não importa quantos foram, muitos ou nem tantos assim, a verdade é que a igualdade de direitos da minoria LGBT voltou em força à agenda política! E espero que muito brevemente o tema sobre o casamento entre homossexuais volte também à Assembleia da República e que o PS desta vez faça aquilo que devia ter feito em Outubro passado!

Hoje é um bom dia porque a nossa esperança ganhou uma nova força, explícita e assumida! Só de ver as bandeiras do arco-íris a participarem na festa da vitória do PS nas eleições legislativas de ontem já nos dá um bocadinho mais de alento. Esperemos que desta vez os ventos de mudança tenham mesmo vindo para ficar!

Porque é que os homossexuais não podem casar?

quinta-feira, setembro 17

Parece uma pergunta tão simples, com uma resposta que deveria ser simples também. Estender o direito do casamento aos homossexuais não implica absolutamente nada em relação aos direitos de todas as outras pessoas. Não obriga ninguém a casar, até porque muitos homossexuais nem sequer querem ou pretendem fazê-lo. Até hoje nunca percebi quais são de facto os argumentos (tirando os religiosos) que levam a que haja tanta gente que se oponha a este tipo de união.

Segundo a religião católica o casamento tem como fim único a procriação, embora já tenha lido livros de teólogos que rebatiam essa argumentação citando o próprio Santo Agostinho para quem a procriação nem sequer faz parte das obrigações dum casal que se une pelo santo matrimónio. Hoje em dia e à luz de tantos problemas que existem num mundo sobrelotado continuará a fazer sentido insistir que quem casa deve procriar, sabendo que os casais que o fazem têm pouquíssimos incentivos, que a sociedade ferozmente consumista e competitiva dos nossos tempos não se compadece com o tempo que todos também deveriam ter para se dedicarem à família e aos filhos?

Dos argumentos que já ouvi e mais pena me causam são do lado dos homossexuais serem contra a extensão deste direito porque acham que as suas relações são “diferentes” das outras. Causam pena porque no fundo sentem-se inferiores aos outros, vêem a sua homossexualidade como um estigma, quem sabe se não até como uma doença. Estes são os homossexuais que se pudessem mudavam a sua orientação sexual, que não se aceitam tal como são e que vivem oprimidos por isso. É difícil rebater estes argumentos porque o cerne da questão está neles próprios e na sua atroz falta de auto-estima.

Também já ouvi heterossexuais dizerem que se esse direito for estendido aos homossexuais se sentem menos casados, como se isso desvalorizasse de alguma forma o sentido do casamento. Não consigo compreender este argumento, sinto que é algo que vem do mesmo fundo que a xenofobia ou o machismo profundo, quando homens brancos se sentiam ameaçados por terem que aceitar que homens de outras raças e cores tinham os mesmos direitos do que eles, ou quando os homens foram obrigados a aceitar que as mulheres tinham direito aos mesmos direitos do que eles. E qualquer uma dessas convulsões sociais terá sido bem mais penosa (porque mais alargada) do que esta que se pretende hoje.

Que os homossexuais irão ter direito a casar um dia é um facto, a sociedade civil caminha nesse sentido e já muitos passos foram dados para aqui chegar. A questão neste momento é só saber quando, porque isso irá fazer uma diferença significativa na vida de muitos casais e muitas famílias. Não se irão sentir mais casais nem mais famílias por isso, mas irão sentir-se mais aliviados por saberem que a lei os contempla e os protege, assim como a todos os outros cidadãos que nela participam plenamente.

 

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