Acabei agora de ler um romance publicado pela 1ª vez em 1952… 54 anos depois continuamos exactamente com os mesmos problemas, todas as verdades mantém-se!
“O Preço do Sal” de Patrícia Highsmith, edições Europa-América. O romance fala dos problemas de uma mulher casada, com uma filha, em vias de se divorciar, que mantém uma relação lésbica. (Falarei do livro noutro post. Agora interessa-me pensar um pouco sobre a ressonância que ele teve em mim, a par deste fim-de-semana.)
Revi-me em todas as sensações: da vergonha pela condenação social; da contenção necessária em público na expressão dos afectos; da perseguição pelo marido, e da utilização desse amor como arma de arremesso num divorcio; da indignação vivida pelas personagens; da luta pelo seu amor.
O amor delas no fim vingou, à custa de um preço altíssimo que nenhuma mulher (homem) deverá pagar. O meu não vingou. O preço era definitivamente demasiado alto!
Nessa altura questionei tudo, especialmente, o Amor e a força que ele não teve. De lá para cá, perdoei a falta de força desse amor, perdoei-me a mim e a ela, e finalmente, compreendi a importância de tod@s sairmos do armário. Compreendi, que se os meus pais soubessem de mim, se os meus amigos soubessem, se o resto das pessoas que eu amo de paixão soubessem, saberiam então que não há mal num amor diferente, por uma única razão: alguém que eles amam e conhecem, é! Logo, podem compreender que todos os que são, serão também pessoas idênticas a mim, com a única diferença que eles não os conhecem…
Isto traduz-se em, só pela minha parte, já há mais 30 pessoas indiferentes à sexualidade do próximo. E se cada um de nós trouxer só mais dois para esta festa, em vez de 1 milhão, seríamos já 3 milhões de indiferentes. E num futuro próximo alguns dos sentimentos, revividos com a leitura, por e simplesmente deixarão de fazer sentido.
Este fim-de-semana caiu-me o queixo enquanto vagueava pelo Bairro Alto, nós éramos um grupo misto (3 gay, uma lésbica, uma bi-sexual e 4 heterossexuais), e de repente o meu gaydar dispara, para todo o lado onde olhava havia mulheres lésbicas (gay já se via muitos, à muito tempo).
Perguntava eu a uma amiga minha: “É impressão minha ou elas começaram a sair em força dos armários?” Resposta “ Sem dúvida estamos em muito maior número na rua, e já não é só nos sítios temáticos, deixou de ser vergonha!”
Não sei o que se passa, se foi alguma coisa que puseram na água, se foi o cansaço, ou qualquer outra explicação etérea ou sociológica. Mas deixem que vos diga, estou a gostar!!!
“O Preço do Sal” de Patrícia Highsmith, edições Europa-América. O romance fala dos problemas de uma mulher casada, com uma filha, em vias de se divorciar, que mantém uma relação lésbica. (Falarei do livro noutro post. Agora interessa-me pensar um pouco sobre a ressonância que ele teve em mim, a par deste fim-de-semana.)
Revi-me em todas as sensações: da vergonha pela condenação social; da contenção necessária em público na expressão dos afectos; da perseguição pelo marido, e da utilização desse amor como arma de arremesso num divorcio; da indignação vivida pelas personagens; da luta pelo seu amor.
O amor delas no fim vingou, à custa de um preço altíssimo que nenhuma mulher (homem) deverá pagar. O meu não vingou. O preço era definitivamente demasiado alto!
Nessa altura questionei tudo, especialmente, o Amor e a força que ele não teve. De lá para cá, perdoei a falta de força desse amor, perdoei-me a mim e a ela, e finalmente, compreendi a importância de tod@s sairmos do armário. Compreendi, que se os meus pais soubessem de mim, se os meus amigos soubessem, se o resto das pessoas que eu amo de paixão soubessem, saberiam então que não há mal num amor diferente, por uma única razão: alguém que eles amam e conhecem, é! Logo, podem compreender que todos os que são, serão também pessoas idênticas a mim, com a única diferença que eles não os conhecem…
Isto traduz-se em, só pela minha parte, já há mais 30 pessoas indiferentes à sexualidade do próximo. E se cada um de nós trouxer só mais dois para esta festa, em vez de 1 milhão, seríamos já 3 milhões de indiferentes. E num futuro próximo alguns dos sentimentos, revividos com a leitura, por e simplesmente deixarão de fazer sentido.
Este fim-de-semana caiu-me o queixo enquanto vagueava pelo Bairro Alto, nós éramos um grupo misto (3 gay, uma lésbica, uma bi-sexual e 4 heterossexuais), e de repente o meu gaydar dispara, para todo o lado onde olhava havia mulheres lésbicas (gay já se via muitos, à muito tempo).
Perguntava eu a uma amiga minha: “É impressão minha ou elas começaram a sair em força dos armários?” Resposta “ Sem dúvida estamos em muito maior número na rua, e já não é só nos sítios temáticos, deixou de ser vergonha!”
Não sei o que se passa, se foi alguma coisa que puseram na água, se foi o cansaço, ou qualquer outra explicação etérea ou sociológica. Mas deixem que vos diga, estou a gostar!!!
Já o tentei comprar mas está esgotado em todo o lado... :S
ResponderEliminarBoa escolha! ;)
Bjinhos
O que mais se nota, a meu ver, é o lento desaparecimento dos "sitios tematicos".
ResponderEliminarE la andava eu.....Por todo o lado!! :)
Beijo!
Olha, por aqui não se vê nada, Nem os armários.
ResponderEliminarEsse livro veio ter comigo há quase quinze anos anos. Era eu uma “adolecente”… Entrei numa pequena loja de jornais para comprar qualquer coisa que se lê-se na praia, pois começava o verão e lá estava o Preço do Sal, velhinho, de pontas amarrotadas.
Lia-se na contracapa que, ao contrário de quase todos os livros do género, esta história acabava bem…
O AMOR, apesar de tudo, continua a ser o motor da nossa caminhada.Todo o ser humano tem direito a ver o Sol brilhar e apanhar com os seus raios.Quero dizer com isto, que todos temos direito a amar e sermos felizes, independentemente dos credos, das raças, dos géneros e do MEDO.Sim o MEdo existe até no amor, parece um paradoxo, mas é esta a realidade.
ResponderEliminarO AMOR é o AMOR, não o vulgarizem,elevem-no ao Olimpo.Sejam felizes,amem...Chamem-me piegas há vontade.Tenho coração mole.
Ah sim o Bairro Alto é uma curtição,tenho saudades de lá ir
Kisses da Guida
Olá!
ResponderEliminarQueria parabenizá-la pela abordagem coerente do tema.
De fato, se não criássemos nossos próprios armários, temendo as reações de pessoas que sequer conhecemos, as pessoas que nos amam poderiam, ao entrar em contato com nossa realidade, compreender e passar essa compreensão adiante. Assim, através de uma "rede", o conhecimento e a informação chegariam a outras pessoas, que por sua vez fariam o mesmo, até que o assunto deixasse de ser algo obscuro e sombrio.
Acontece que o medo existe por não sabermos até que ponto a visão negativa, causada pela desinformação, está arraigada aos pensamentos mesmo das pessoas que amamos e nos amam reciprocamente.
Devido a essa onda de discriminação, muitos gays têm suas famílias desestruturadas e seu apoio perdido quando se assumem.
Infelizmente, não podemos saber qual reação alguém terá, mesmo que se diga portador de um amor incondicional.
Bem, resultado... ainda estou no armário... mas não quero ficar aqui por muito tempo!
Grande abraço!
De alguma forma, já todos nós passamos por isso…lembro-me (quando namorava com rapazes) que não compreendia porque não gostava de gestos mais íntimos em público tais como, troca de carícias, mão na mão e afins… Na hora “H” sempre arranjava algo para me escapar dali para fora, sentia-me emocionalmente diferente de toda a gente, e à medida que o tempo avançava o abismo dentro de mim aumentava. Curiosamente, sentia-me anormal na dita normalidade. Como dizia o outro: - “no mundo dos loucos o normal é o louco!”
ResponderEliminarUm bem-haja a todos os “anormais” que se cruzam comigo na rua, no cinema, no café, na vida em geral e na minha intimidade em particular, vocês inspiram-me em cada gesto, em cada palavra, em cada luta que travam pela aceitação própria e colectiva. Na verdade, sinto-me muito feliz por para aquilo que sou hoje… uma anormal no mundo dos normais…
Sweets for u all
d.:
ResponderEliminarComprei 2, ficaram 2 na estante, na Europa-América na marquês de tomar em lx...
daterrapamar-te:
E não nos encontramos? :p
sk:
Junta-te a nós e dá uma volta na capital. De preferência sábado à noite no bairro. Vem lavar as vistas...
Guida:
Right on sister...
gaya:
Obrigada pelos parabéns. Digo-te que depois de abrires o armário tudo se torna mais fácil interiormente... Mas não há pressa, cada uma a seu tempo... Desejo-te sorte nesse caminho...
sweetcat:
Sabes que ainda não descobri a normalidade "deles"... Mas descobri que a nossa anormalidade é engraçada, interessante e cheia de mulheres :p!
Há muitos anos atrás decidi-me, a escancarar as portas.
ResponderEliminarJá tenho uma lista grande de pessoas completamente indiferentes à orientação sexual dos Outros e, nessa lista, tenho também os meus acérrimos e incontestados defensores, à testa dos quais os meus sobrinhos e irmãos.
É tão bom ser-se inteir@ todos os dias!
Abraços
P.S. Também quero um golinho da tal água! Eheheheh
Quanto mais leio do blog mais gosto...
ResponderEliminarEu sou um daqueles casos sem solução: o meu gaydar só detecta gajos, quanto a elas são 'todas' heterossexuais e sei que isso não é possível! Também é verdade que a minha sina é desassossegar heteros.
Até os ignorantes percebem antes de mim! Pelo sim pelo não, só tenho a certeza quando me respiram no pescoço.