quarta-feira, junho 21
O mais engraçado é que os nossos caminhos voltaram a cruzar-se uns anos depois, quinze aproximadamente, a felicidade de nos revermos foi mútua e algo histérica, de tal maneira que eu estava a tomar café numa esplanada com um amigo, quando ela, depois dos beijos e abraços, se senta e diz de rajada “tinha tantas saudades tuas, tu sabes que te adoro, e sabes que tive uma paixão assolapada por ti”, lá veio o meu riso nervoso, olhei para o meu amigo que tinha a boca aberta até aos joelhos, e acabei por responder a sorrir “Ibdem” (que eloquência a minha!!!).
Acabamos por combinar um jantar.Relembrei-me dos motivos pelos quais me apaixonei por ela: linda (de cara muito parecida com a actriz que interpreta o papel principal no “Fabuloso destino de Amelie”, olhos grandes e negros, cabelo da mesma cor), astuta, com um humor corrosivo, mas por vezes, mais nas perguntas que faz do que no que diz, tem laivos ingenuidade. Hoje tenho uma imensa ternura por ela!
Fomos jantar e fizemos o obrigatório resumo das nossas vidas, fiquei a saber que casou, que já se divorciou, que tem uma criança e que neste momento namora com um senhor mais velho.
Quando chegou à minha vez, explorei a minha carreira, os anos loucos da faculdade e a família, até que veio a inevitável pergunta “Então, e namorados?” (mais um riso nervoso), respirei fundo para sentir a coragem e as palavras a trepar por mim acima (é que desta vez eu sabia que seria diferente, teríamos necessariamente de voltar ao passado, e analisa-lo à luz do novo facto que eu ia descarregar), “Eu não costumo ter namorados, mas sim namoradas”, gargalhada mútua, seguida de um “Eu sabia!”, a conversa lá continuou dentro do tema, com os inevitáveis, ”Quem? Como? Onde? Quando?”, e depois, de mansinho e com calma voltámos ao passado.
Acabei por confessar a tremenda paixão que tinha por ela e como ela me tinha partido o coração. Ela acabou também por confessar que embora as coisas não fossem claras na altura, que tinha medo do que sentia por mim, e sim, talvez por isso resolveu afirmar a sua sexualidade, como ela o pôs “tirar a prova dos nove”, ao que acrescentou “mas fiquei na mesma, a primeira vez nunca se percebe bem”.Cá está o confronto pessoal, no caso de Maria a reafirmação da sua heterossexualidade, ficou descansada e nunca mais pensou nisso. Hoje já segura de quem é, diz que só se vê a apaixonar-se por homens, mas que tem curiosidade e vontade de experimentar a sua sexualidade com uma mulher.
Dito isto, acabei de introduzir outro assunto que espero retomar mais à frente, a homoafectividade e heteroafectividade, em vez da clássica sexualidade…
1 comentário:
E lá pus mais um remendo;)
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