Sair do Armário 2 - a história

quarta-feira, junho 21

No que diz respeito à amiga deixei a coisa rolar, nunca insinuando nada, mas mantendo uma amizade muito próxima (sim vai dar asneira)!!! As coisas estavam a correr bem para o meu lado, ela cada dia mais próxima e eu cada dia mais contente, com isto passou a correr um ano lectivo, mesmo no fim do ano, veio a bomba, ela um belo dia aproxima-se de mim e diz-me “Decidi deixar de ser virgem” (as mulheres são tão engraçadas) “e já decidi com quem vai ser” (caiu-me tudo, até ela proferir a próxima frase, o mundo parou e o tempo não andava) “vai ser com o João” (pronto o meu mundo estalou, rasgou-se, fiquei sem chão) fiz o que as amigas fazem, dei-lhe uma lição de moral sobre o amor e o sexo, a importância da 1ª vez, etc (tinha 15 aninhos compreendam, ainda acreditava)…

Dia seguinte, ela apresenta-se resplendorosa como sempre e diz-me “Já está” (se pudesse fazia-a em fanicos, mas não, ela não tinha culpa de não saber que eu estava apaixonada), enfim… Nesse dia entrei definitivamente no armário, ninguém iria saber, seria melhor assim, se fosse necessário seria celibatária até ao fim da vida, recusava-me a ser lésbica.Mas o confronto comigo mesma estava feito, eu era (sou) lésbica e sabia-o bem, poderia não passar ao acto, mas sabia porque era diferente e como era diferente… Agora era dar conta do recado…


O confronto com o próprio é talvez a fase mais fácil, ter uma consciência do nosso próprio “eu”, é algo que nos é natural, no entanto, a altura da vida em que tomamos essa consciência, o contexto em que estamos inseridos, a forma como fomos educados, vai depois moldar o que fazemos e como vivênciamos a experiência (presumo que esta frase se aplique a quase tudo).

Na homossexualidade é comum o sentimento de culpa, por sentir o proibido, e a vergonha pelo estigma social a que estamos sujeitos.

Continuo sem entender o estigma social, mas também não entendo o racismo, o elitismo e outros ismos engraçados a que estamos todos sujeitos… Bem, entender até entendo, os mecanismos, a necessidade, a forma como o ser humano reage à diferença, eu entendo acreditem, até poderia dissertar aqui algumas teorias da psicologia social. Acho que aquilo que eu realmente não entendo é metafísico, como não entendo as injustiças e a pobreza, podemos explica-las, entender porque existem, mas não me posso conformar com a sua existência, mesmo quando a explicação é a mais exacta, factual e real possível…

1 comentário:

Anónimo disse...

Ai que delícia! Adoro sair do armário!
rsrsrs
Beijinhos com carinho.
Hira