Também há Sexo no Campo!

quinta-feira, junho 19

O mais parecido com a Amareleja que consegui encontrar!

Olá a tod@s e perdoem-me um certo nervosismo a raiar o deslumbramento mas não posso evitar estar aqui a dar pulinhos de contentamento por este que é o primeiro rasgo que tenho numa vida que tem sido demasiado morna apesar das temperaturas quentes que se fazem sentir lá fora. Como é evidente o meu nome verdadeiro não é Miranda que a minha mãe coitadinha nem estudos tinha para passar do terrivelmente básico Maria, que nervos! Mas escolhi esse nick para prestar homenagem a essa grande actriz e personagem Miranda Hobbes de quem eu tenho alguns traços sim, apesar de aqui ninguém ter testa para ver que o meu status vai bem para além dum simples cabelo ruivo.

Deve ter sido engano, só pode, porque eu sou definitivamente cosmopolita e carrego comigo este sonho de um dia desembocar numa qualquer grande cidade da Europa! Os States não me atraem, nem sequer se eventualmente o tal de Obama ganhar as eleições em Novembro que eu sei destas coisas muito bem porque como dizem os GF, o Meo chega aqui sem problemas nenhuns e eu tenho net a uma velocidade que estontearia aqui a velharia toda da terra que esses coitados, nunca viram uma auto-estrada em movimento quanto mais uma que anda à velocidade supersónica deste meu rico satélite que me veio salvar de morrer estúpida aqui neste canto escondido e esquecido feito de burros iletrados e vacas analfabetas.

Mas o que me traz aqui hoje, para além de agradecer muitíssimo a oportunidade que a linda dona deste espaço me concedeu, são duas coisas que me inquietam a moleirinha e uma delas é que de facto existem lésbicas no campo sim, porque não é apanágio das gentes da cidade gostarem de ver e de se encostar em mulheres bonitas. Eu gosto, gosto muito até, sempre gostei desde a mais tenra idade. O problema para nosotras é que aqui mulher bonita é coisa que não abunda e como tal lavo mais as vistas com a minha rica televisão digital do que em exemplares de carne e osso. Sempre que posso dou ali um saltinho à vizinha España que nestas matérias de direitos para tod@s está anos-luz à nossa frente, e viva la España! Se à beira de chegar à fronteira a estúpida e vesga da burra não tivesse soçobrado com o peso da minha mãzinha grávida quem sabe não seria eu uma orgulhosa españuelita cheia de salero e sevilhanas aos bordões que eu sou uma fã inconfessável da maravilhosa Papi da série letra L que também cá me chega via satélite e quando não chega sei bem dar uso aos 8 Mbps para me satisfazer a curiosidade em downloads pouco arriscados que ao menos valha-nos isso que polícias e ASAE aqui nem vê-los que fogem todos com o calor e o medo dos incêndios!

E a outra coisa é que em todos os anos que já vivi e sempre soube de mim continuo sem perceber porque raio hão-de os outros continuar a dizer que uma pessoa é lésbica por opção porque eu por opção sou ruiva, agora o resto é mesmo coisa que já nasceu comigo e de que desconfiei logo ali aos 5, 6 anitos quando me senti brutalmente inquietada por uma prof de ginástica bela e escultural que nos foi enviada de Beja e que me obrigava a dar cambalhotas atrás de cambalhotas e eu dava só para a ver sorrir para mim. Foi assim que eu soube, muito antes de saber que existia uma palavra para colar à minha condição com a qual convivo mais ou menos bem, enfim, eu comigo convivo bem, os outros, alguns, é que nem por isso mas também é para isso que com uma enorme alegria irei tentar encontrar aqui um canto, ainda que virtual e minusculito, para partilhar as agruras de ser uma quarentona ruiva e lésbica perdida numa aldeia esquecida onde posso atestar que há sexo q.b. e demasiado campo por aí espalhado, mas também não se pode querer tudo e eu dum modo geral até me encontro satisfeita e esperançada!

Vejo-vos a tod@s no arraial que é já no dia 28 de Junho! Onde houver festa e o comboio chegar eu lá estarei a marcar presença e a reivindicar tudo aquilo a que tod@s temos direito!

14 comentários:

Anónimo disse...

...tem de haver, sim! em todo o lado. desde a mais tenra idade também soube, mas tb desde aí (sem net! e essas coisas - só porque não percebo nada!)que leio e leio e lá encontrei patricia highsmith que me aconselhou a cidade
como leitora deste blogulo dou-lhe as boas vindas (com o interesse egoísta de me dar boas leituras, claro:))
ah...e já pensava que era carmen miranda enquanto lia (é o mau feitio!!!)
au revoir...das suas mãos e dos meus olhos:)

Maíra disse...

Hey menina! Gostei do blog, vou linkar e voltar aqui mais vezes.
Visite o meu também.

Beijos!

Unknown disse...

Miranda, até dia 28 :) *

Alice disse...

Adoro ler os textos aqui, o modo como vocês da terrinha escrevem é tão bonito, com este Português bem cuidado.

Anónimo disse...

verdade eu tb nasci numa terrinha e só na minha aldeia existe mais de uma mao cheia de meninas que nao escolheram gostar de meninas, mas que hoje em dia vivem com meninas. Tenho de dizer tb que ao contraio do que se possa pensar, na minha terrinha sempre fomos respeitadas e tratadas de igual por todos.
actualmente nao vivo na terrinha, mas as minhas amigas de infancia vivem e tem uma vida perfeitamente normal, com as suas esposas em casa.

nem tudo esta assim tao mal como parece.

Miranda disse...

Obrigada água e espero não defraudar as expectativas! :)

Obrigada maíra, ruiva também como eu? ;)

@rco íris, vemo-nos lá! :))

alice, e porque não posso cuidar o meu português só porque não nasci numa grande cidade? É a primeira vez que alguém me faz um comentário tão estranho! :S

É isso mesmo anónima, também acho que as gentes da aldeia são mais tolerantes do que muito boa gente da cidade! Obrigada pelo comentário! :)

Anónimo disse...

O comentário da Alice, que é brasileira como eu, é um elogio ao português falado/escrito pelos portugueses, sejam do campo ou da cidade. Sem dúvida, há mais cuidado ao falar e escrever em Portugal que no Brasil.

Anónimo disse...

Ah, e "terrinha" para os brasileiros é o mesmo que dizer "Portugal". Vim da terrinha significa vim de Portugal.

Ég Bani disse...

Não gosto mt do tom em que se descreve aqui a interioridade! Principalmente as gentes! =/

Sónia Dias disse...

dia 28 quantos mais melhores hehe, espero conseguir ir ao arraial, mas á marcha vou de certeza. Aff tantos anos (oh oh que sou mto velha) fora do armario e este vai ser o meu primeiro ano a ir dar a cara no dia mais LGBT do ano. =D
E espero que escrevas mtos textos por aqui! :)

Miranda disse...

Ai Alice então peço imensa desculpa!! É que "terrinha" para nós portugueses significa algum lugar obscuro no interior do país e normalmente quem vem da "terrinha" não é visto com muito bons olhos por ter uma certa ingenuidade que as pessoas da cidade irritantemente acham que ninguém deve possuir. Nunca me passou pela cabeça que para os brasileiros "terrinha" fosse Portugal inteiro! :DD

Anónimo disse...

Menin@s por favor, só para confirmar! O arraial e a marcha são a que horas? Ver se consigo dar uma escapadela de casa do meu pai para conseguir ir! E já agora, lá dá para comprar alguns acessórios ou é só festa?
Obrigado!
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maria disse...

quem escreve assim é uma cidadã da lusofonia...parabéns

Clarissa disse...

Olá Miranda
Talvez eu tenha um lado profundamente lésbico letárgico;há em mim indicadores, anseios, desejos... e os teus textos que adorei, transportaram-me para um lugar bem doce.
Até breve
Clarissa