One step forward, two steps back

quinta-feira, novembro 6



Parecia-me uma aberração, mas não... afinal há homossexuais conservadores, arrisco quase a dizer que de extrema direita, que são contra a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Tentando descortinar os argumentos, chegamos à ínfima resposta... "Porque sim! Porque o casamento é só entre um homem e uma mulher, foi assim que ficou destinado desde sempre!" (por quem? Por Deus?...) E "porque as relações heterossexuais são diferentes das homossexuais" (certo, também concordo com isso, mas não se nesse "diferentes" está subentendido um "inferiores"...) logo não podem ser tratadas da mesma forma.

Vale a pena argumentar? Confesso que fiquei um pouco abismada com a falta de abertura da criatura. E com o namorado ali ao lado a olhar para ele com cara de desconfiado. Não me parece que o assunto seja consensual entre ambos, mas enfim... eles saberão deles e nós por cá continuamos, não sei se deva aceitar uma união civil com os mesmos direitos, cheira-me que isso é aceitar que a minha relação é de facto inferior às relações entre heterossexuais. E como pelos vistos nem sequer é consensual no seio da própria comunidade, se calhar era melhor comer e calar. Será melhor termos uma união civil registada do que nada? É parvoíce ou estupidez continuarmos a lutar por um direito que muitos homossexuais nem sequer acham que devíamos ter?

Para mim a coisa é clara como a água, sempre foi desde que me conheço. Infelizmente vivemos numa sociedade heteronormativa, remar contra a maré cansa... e eu só quero é chegar a casa um dia e pegar na minha namorada e fazer dela minha mulher. Agora se nos "casamos" ou nos "unimos civilmente"... são só expressões, ou não é?

12 comentários:

Anónimo disse...

Não, não é.
Primeiro, porque se aceitarmos ver o problema dessa forma daqui a pouco estamos a aceitar os insultos de "anormais", "depravados", "doentes mentais" e outros ainda piores porque "são só expressões".
Segundo, porque aceitar um enquadramento legal diferente é admitir que não somos dignos dos mesmos direitos só porque somos homossexuais, e isso, minha cara amiga, é simplesmente o princípio básico da discriminação.
E terceiro, porque a luta pela igualdade não obriga ninguém a casar-se! Quando é que as pessoas vão entender isto?! Quem não quiser, não casa! Quem só quiser ser unido de facto, força! Quem não quiser coisa nenhuma, felicidades! Quando é que as pessoas vão aprender a distinguir entre direito e obrigação?!

Miranda disse...

Pois, tens razão e eu concordo totalmente. Mas às vezes é exasperante tentar argumentar com estas pessoas, ainda para mais no caso que referi, em que ele próprio era homossexual!

Provavelmente terá alguns problemas em aceitar-se como tal e tenho quase a certeza que sofrerá de um certo complexo de inferioridade por não ser heterossexual, mas enfim.

E acho piada aos argumentos religiosos, que o matrimónio é uma instituição tão sagrada que a igreja nem o divórcio reconhece, mas se dissermos à sociedade civil que já não ia haver divórcios para ninguém havia de ser bonito!

Não consigo perceber os argumentos contra, até porque hoje em dia ninguém concebe o casamento como um acto para toda a vida que tem como fim único a procriação. Mas infelizmente anda por aí muita gente que acha que dar-lhe mais abrangência é descaracterizá-lo ou menosprezá-lo... vá-se lá entender porquê!

Anónimo disse...

Num País que foi fechado durante tantos anos, onde a Igreja fez o que lhe apeteceu e o Governo aplaudia, e a educação era nenhuma e que hoje em dia não se aposta nada na educação, aposta-se sim nos resultados bonitos, seja de que maneira for, não interessa aprender, interessa mentir.
Por isso não me admira nada que isso aconteça, o que é uma pena, gostava tanto que não houvesse preconceito seja a raças, pessoas deficientes, seja por terem opções sexuais diferentes. É uma pena que não se evolua de maneira nenhuma.

Eu por mim, a Igreja deixava de ter qualquer voto na matéria, passava-se a haver casamentos de qualquer espécie e feitio, se há amor, porque não há-de haver casamento.

Eu penso assim, será que sou eu que estou mal também?!

Anónimo disse...

Parabéns pelo seu blog e postar suas fotos fantásticas que eu gostava muito de perder o seu blog. muito obrigado. Receba uma saudação cordial. Peço desculpas pela publicidade.

Mar da Lua disse...

Não, não e definitivamente não é igual!
Olhemos pois para o assunto com seriedade. Do ponto de vista emocional acredito que - como numa relação heterosexual - casar ou não casar possa ser indiferente e que essa é uma escolha de cada casal. É exactamente este este o primeiro aspecto importante da "coisa": ESCOLHA.
Depois temos toda a questão de direitos civis, legais, sucessórios e de saúde que - quer queiramos quer não - ditam as regras base da sociedade em que vivemos.
Parece-te normal que qualquer casal heterosexual que resolva celebrar um contrato de casamento civil entre si e que tem exactamente o mesmo rácio de contribuição e carga fiscal que um casal homosexual que viva em união de facto possa, simplesmente, OPTAR por CASAR e o casal homosexual não? parece-te normal que em termos sucessórios as coisas sejam fluidas para um casal heterosexual e para um casal gay tudo tenha que ser uma luta? parece-te normal que em caso de doença terminal a familia da tua ou da minha companheira tenha direito de presença e a mulher com quem escolheste ou com quem eu escolhi viver o resto dos meus dias possa ser preterida? Parece-te normal? A mim não! Mais.. não me parece normal eu e a mulher que Amo, termos que ter saído de Portugal para nos deslocarmos ao Canadá e casarmos em Toronto só porque - para nós - fazia sentido. O que os casais homosexuais têm que ter é o mesmo acesso às possibilidades que os casais heterosexuais. Tão somente isto. Direitos e Deveres iguais para todo e qualquer cidadão tal como está consagrado na Constituição da República Portuguesa desde 1974, no artº 13º referente ao "Principio da Igualdade":
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

Frau Piber disse...

Se a união civil não é igual ao casamento, nos estão discriminando. Se é igual, pior ainda! Nos estão discriminando apenas pela necessidade de discriminar. É o mesmo que dizer que os homossexuais podem unir-se, desde que não sob o nome de casamento. Por quê? Ofendemos o casamento? E, o que é, hoje, o casamento? Para mim, duas pessoas que vivem sob o mesmo teto, dormem na mesma cama e dividem todo o pouco que têm, estão casadas, mesmo sem documentos que o provem. O que eu quero é poder tornar oficial perante a lei o que a mim e à sociedade já existe.

Anónimo disse...

Vá espreitar a mentalidade humana retrógada aqui: http://amorumlugarestranho.blogspot.com/

Miranda disse...

mar da lua obrigada pelo comentário e pelo testemunho. Concordo contigo e também acho que a não descriminação em função da orientação sexual consagrada na nossa constituição deveria ser suficiente para nos dar acesso ao direito a nos casarmos com a pessoa que amamos. Infelizmente assim não é... e teremos que continuar a lutar por aquilo que deveria ser um direito inquestionável!

Sim ruh é isso que faz sentido para ti e para mim embora depois venham algumas pessoas dizer que nesse caso deveria também ser permitido o "casamento" entre irmãos ou primos ou familiares, o que a meu ver não tem nada a ver com o que estamos a defender para nós!

Miranda disse...

anónimo já fui ver e deixei comentário embora tenha que ser aprovado pela autora do blog, não sei se irá aparecer.

É triste sim, porque as pessoas não tem noção daquilo que estão a dizer, é falar por falar, nem interessa se ofendem amigas, irmãs, familiares... e mais uma prova das dificuldades que temos em sermos levadas a sério, em sermos tratadas com dignidade e respeito!!

t'Mary @ disse...

Embora ache que a Miranda, tenha uns ideais extramamente humanos, acho que este vai ser mais um assunto que vai cansar o povo, e ser deixado em branco, e lá vão ter os homossexuais se deslocar à Conchina para puderem ser marido-marido ou mulher-mulher...
E um dia tudo aquilo que se constrói com a pessoa que se ama, apenas é de uma delas...
Enfim, isto parece uma Monarquia Nojenta, onde a sociedade, mete pedófilos a cumprir mínimas penas de tão monstruosos que são, e onde as pessoas que apenas são pessoas e querem ser felizes com a pessoa do mesmo sexo, são mais punidas, que qualquer monstro/a dessas pessoas... Um dia destes ainda verei o Sócrates num Pride ou a Manuela Ferreira Leite no Maria Lisboa, e depois pomos uma bomba no governo e era uma vez as leis mal aplicadas...
Eu também sonho com o dia em que eu poderei oficializar uma relaçao com a pessoa que amo etc etc, e isso seja um direito no meu país :D
Obrigada Miranda pelas suas reflexões (=

Nelson Soares disse...

Querida Miranda:


Li os teus comentários no blog da nossa querida amiga Katty Fane dar os meus sinceros parabéns pela defesa fervorosa pelos direitos d@s homossexuais, em particular.

De facto, é pena a existência de tanta ignorância ao ponto de certas pessoas. Sinceramente, aquele post só demonstra frustração por parte da escritora...


Parabens e obrigado por tudo:


Nelson Soares =)

Anónimo disse...

Talvez em nossa geração atual ainda não teremos nossos direito realmente validos, mais temos que lutar mostrar que existimos e lutar para que as próximas gerações possam ser livres e viver o amor que sente dentro de si, temos que saber que rever nos direitos não são apenas freqüentar paradas gays dançar gritar e depois ficar por isto mesmo, e lutar todos os dias buscar nossos direito. Adorei seu blog muito educativo está de parabéns; http://lifeforwomen-morning.blogspot.com/