segunda-feira, junho 22
Fomos à Marcha do Orgulho 2009 e apesar do calor que se fazia sentir em Lisboa, estava um ambiente que só visto!
Apareceu muita gente, muito mais do que eu estava à espera. E muitas mulheres, jovens, bonitas, assertivas e confiantes! Muitas vieram de fora de Lisboa, comentavam que em qualquer outro sítio não poderia ter sido assim. Menos mal, por algum lado temos que começar e se é em Lisboa que temos que mostrar a força dos nossos números, então que seja!
Estamos nos milhares, qualquer dia chegaremos ao milhão num movimento que já é imparável!
2 comentários:
Isso mesmo, colegas da terrinha! Aqui também as manifestações eram tímidas no início, mas hoje arrastam-se 3 milhões de pessoas em São Paulo na Parada. O importante é começar!
Amanhã é dia da Marcha do Orgulho LGBT, no Porto. Orgulho por oposição a Vergonha. Visibilidade por oposição a Invisibilidade. Luta por oposição a indiferença. Coragem por oposição ao Medo.
O Medo, esse grande mal que diariamente tantas vezes nos silencia, nos afasta das luzes da ribalta. Tenho muitos medos. Um deles é de não chegar a ver o dia em que deixarei de recear expor a minha orientação sexual.
O Medo esmaga-nos devagarinho, tal como o silêncio. Sei, porque sinto na pele como uma queimadura o peso destes dois tiranos, o peso da falta de liberdade de expressão e por mais que se diga que estamos num país livre, a verdade é que não estamos. Sou mais cautelosa, reservada e apreensiva do que gostaria de ser e tantas vezes mais medrosa também. Imaginem um dia em que não possam fazer publicamente as coisas habituais que fazem com os vossos maridos ou esposas: almocem num restaurante romântico e inibam-se de lhes acariciar as mãos, disfarcem o olhar ternurento e finjam não ouvir os piropos que o empregado de mesa “atira” à vossa companheira ou então toquem-se e sintam-se observados, ouçam os risinhos nas vossas costas, as piadas e gestos ofensivos de certas pessoas; Vão passear pelo parque da cidade e inibam-se de andar de mãos dadas, de se beijarem, de se deitarem ao sol no regaço do vosso amor junto do lago, porque há olhares que ferem como punhais e há pais que se sentem muito incomodados por os filhos presenciarem o vosso amor; Ide jantar a casa dos vossos pais com um casal amigo deles e finjam que são apenas amigos a viver na mesma casa, pois é isso que os vossos pais esperam que o façam. Imaginam a sensação de anulação? Talvez aguentam um dia, mas uma vida inteira é muito tempo.
Recordo-me há uns anos atrás, ter ido a um casamento de uns primos da Cecília. Quando chegou a altura do baile, a Cecília convidou-me para dançar e eu recusei, por sentir-me inibida. Nunca esqueci a decepção que lhe vi nos olhos e, quando finalmente ganhei coragem, já ela não queria. Demorei a perdoar-me dessa falha e não tornei a cometer o mesmo erro noutro casamento que fomos. Dancei com a minha mulher e vivi momentos muito felizes. Quem não gostar não olhe, mude de sala.
É pois pela dignidade das nossas vidas, pelo usufruto dos mesmos direitos com que todos nascemos, que devemos lutar contra o medo, o silêncio e a repressão. Mesmo receando que me possam reconhecer (prejudicar-me profissionalmente?), receando o que possa ouvir, receando ver o que não quero, irei amanhã marchar e gritar pelo pelos meus direitos, pela minha dignidade. Os medos ultrapassam-se passo a passo.
Maria
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