Lesbian vampire killers

segunda-feira, agosto 31




Acho que é seguro declarar que nunca vi um filme com um título tão fantástico tornar-se numa tão grande desilusão! Segundo o Times é mesmo "an appalling waste of a perfectly decent title".

Confesso que tenho um certo fascínio por vampiros e vampiras (mais ainda se forem lésbicas naturalmente). Adoro tudo o que meta sexo, sangue e morte à mistura, acho que dá sempre um culminar orgásmico literário (ou cinematográfico) e confesso que adoraria um dia escrever um argumento sobre vampiras lésbicas, cheio dos ditos condimentos, sexo, sangue e muitas mortes!

Este filmeco de meia tigela, apesar do titulo fantástico, não chega nem perto daquilo que para mim seria uma história sobre vampiras lésbicas. Só de o dizer já fico cheia de arrepios, e não é de medo, apesar de considerar que um argumento deste género também se prestaria a um bom filme de terror. Imagino já os dentes delas a crescer, iluminados pela lua, imagino-as a morderem jovens virgens trémulas, imagino o sangue quente a escorrer-lhes pela boca, as suas línguas a saborearem gulosas as gotas gordas e reluzentes... ai!

O que eu nunca, mas nunca nunca nunca faria a um filme com um título destes seria transformá-lo num género de comédia estupidificante sobre dois heróis deficientes mentais que só pensam em mamas, cerveja e preservativos! Heeeelllloooo!!! Mas vamos por partes...

1) Nunca mas nunca chamaria Carmilla à minha rainha das vampiras lésbicas. Mas que raio de nome é esse?!?! Marvela, talvez... ou algo mais rebuscado ainda porque uma rainha, ainda para mais sendo vampira lésbica merece um nome à altura! Para além de lhe darem pouquíssimo tempo de antena, de não a porem a protagonizar uma cena de sexo com uma das suas súbditas, matam-na quase imediatamente após ter ressuscitado!

2) Nunca mas nunca poria dois homens por mais bem parecidos que fossem (e estes não são, bem pelo contrário) a matarem vampiras lésbicas! As vampiras lésbicas não podem ser mortas por homens, elas comem-nos ao pequeno almoço! Eles não são suficientemente inteligentes para conseguirem matar tais nobres criaturas. Temos pena!

3) A banda sonora é simplesmente execrável! Quem escolheu a porcaria que ouvimos durante o filme deve ser totalmente duro de ouvido (homem de certeza) e um filme com este titulo merecia uma boa banda sonora, ao estilo do David Bowie com o seu fantástico "Cat People".

4) Neste filme as mulheres tornam-se vampiras automaticamente quando atingem a maioridade o que até pode ser interessante mas em termos cinematográficos é péssimo. Toda a gente sabe como nos tornamos vampiras, temos que ser mordidas por uma vampira, é condição primordial para que a transformação se dê! Uma mulher está a dormir na cama, abre os olhos e de repente é vampira é muito mau! Nada disso, antes de o serem as vampiras têm que ser mordidas por outras mulheres vampiras. A vampira lésbica seduz a sua vitima, pode ser homem ou mulher embora só as suas vítimas que são mulheres se possam vir a tornar vampiras. A vampira lésbica usa os homens como comida, e as mulheres para o sexo. A vampira lésbica morde as vítimas e não é ela que controla o que lhes acontece. A vampira lésbica não é uma assassina, ela apenas tenta saciar as suas necessidades e os seus desejos, ela não chega a matar ninguém. Das vítimas mulheres nem todas se transformam em vampiras lésbicas, depende da reacção do seu sangue ao veneno que a vampira lhes injecta enquanto lhes morde os apetecíveis (e apetitosos!) pescoços. Algumas vítimas não se irão transformar em vampiras por terem uma quantidade substancial de anti-corpos adquiridos ao longo de muitos anos a fornicarem com homens. Sim porque ser vampira lésbica não está ao alcance de qualquer mulher!

5) O sexo é inexistente e essa é a maior falha de sempre em relação a um filme com este titulo! O filme merecia muitas cenas de sexo tórrido entre mulheres, as vampiras lésbicas adoram sexo, é o sexo que as motiva, mais ainda do que a sua inesgotável sede de sangue! Como é possível não haver nenhuma menção sequer de sexo para além duns insípidos beijos entre mulheres que pela forma como são filmados podiam bem ser cumprimentos entre amigas ou primas e não beijos entre vampiras lésbicas!

Posto isto mais uma vez declaro que adorei o titulo deste filme, mas detestei o filme em si. Quando for grande quero escrever sobre vampiras lésbicas e não vai ser nada disto, é que nem remotamente parecido!!

Seremos perigosas ou nem por isso?...

quarta-feira, agosto 26

Por vezes gostaria de me sentir uma ameaça à sociedade mas sei que não sou, nem nunca serei. A sociedade continuará a evoluir, de acordo com pressões culturais, religiosas e políticas, europeias, nacionais e regionais e eu limito-me a quedar-me espectadora das convulsões sociais, ansiosa para que algumas alterações me beneficiem a médio ou longo prazo. Em matéria de direitos sei que comparativamente não me posso queixar, afinal as mulheres até há relativamente pouco tempo não podiam aspirar a ter educação quanto mais a serem economicamente independentes de pai e marido.

Hoje em dia não só é permitido às mulheres que trabalhem, como é expectável que o façam, e as que assumem a sua ambição por uma carreira profissional, descurando família, marido e filhos, já não são olhadas de lado porque é normal, e até saudável que uma mulher tenha uma vida para além dos filhos.

Hoje em dia também é permitido às mulheres lésbicas que se assumam, que assumam as suas relações, que vivam em união de facto com a mulher que amam. Quando decidi juntar os trapinhos com a mulher que eu amo não houve problemas de espécie alguma, das imobiliárias aos bancos e até no cartório onde efectuámos a escritura, todos nos deram os parabéns, como se nos tivéssemos casado, como qualquer casal que decide encetar uma vida em comum.

Os vizinhos foram bastante acolhedores, especialmente os vizinhos de sexo masculino. Sempre senti um grau de aceitação inusitado por parte dos homens heterossexuais, compreensível se pensarmos que duas mulheres juntas é uma fantasia sexual recorrente para eles. Seja porque motivo for, a verdade é que os nossos vizinhos nos tratam nas palminhas. O mesmo não posso dizer das respectivas mulheres dos ditos vizinhos. Quando perceberam que éramos de facto um casal de mulheres, começaram a olhar-nos de lado, como se fossemos uma espécie de ameaça a qualquer coisa intangível. As nossas vizinhas heterossexuais sentem-se incomodadas com a nossa presença, e tenho a certeza que chateiam os maridos por nossa causa, que prefeririam que não estivéssemos na vizinhança, que alguma coisa de nós lhes tocará lá bem no fundo impelindo-as a olhar-nos de lado, com desprezo e talvez até algum ódio.

As minhas vizinhas fazem-me lembrar a Manuela Ferreira Leite e essa é uma das razões porque não posso votar nela nas eleições que se aproximam. Já senti na pele o desprezo dessas infames mulheres tradicionalistas que por certo nos associam à prostituição, se não a algo ainda pior. Para elas nós somos uma ameaça, na realidade nem sei bem porquê. Duas mulheres lésbicas nunca lhes roubarão os maridos, embora os possam manter distraídos e desconcentrados.

Ou têm uma ideia errada de nós (e quem poderá alterar-lhes essa ideia?) ou acham mesmo que somos o demo incarnado que viemos para lhes perturbar a aparente acalmia em que viviam. Mas se deixam que factores externos as perturbem tanto assim... que nervo será esse que tanto se irrita com a nossa presença ao seu lado? Gostaria de ter uma conversa franca com uma destas mulheres mas sei que isso não é possível. Existe um muro entre nós por elas erigido que eu não consigo penetrar e por isso talvez nunca perceba de onde lhes vêm os sentimentos que não escondem em relação a mim, e a nós.

 

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