segunda-feira, fevereiro 9
Bem sei que houve um sentimento generalizado de desgosto em relação à reportagem da Sábado porque tentou vender a infidelidade sob um prisma favorável. Era o tal "branqueamento" de que falei no meu texto em baixo. Foi claramente uma manobra para vender e não me pareceu correcta a forma leviana como quiseram dar a conhecer uma realidade que não será assim tão glamourosa nem sensual como foi apresentada.
Mas também não foi correcto o meu post, fui leviana nos insultos que dirigi de forma generalizada e que atingiram pessoas que não os merecem porque já têm sofrimento quanto baste na sua vida. Por cada mulher casada, que se assume como heterossexual e que se envolve com outras mulheres com a conivência do marido, que até sabe, gosta e se excita com isso, haverá muitas mais que sofrem com o peso da culpa e da traição que sentem estar a cometer. Se calhar a revista Sábado devia ter-se focado mais nestas mulheres, que têm problemas de consciência, que sentem estar a fazer algo de errado mas não sabem como dar a volta à sua vida, que gostavam muito de se assumir mas por inúmeras razões sabem que não o podem fazer por tudo aquilo que está em jogo e podem vir a perder.
E o post que escrevi era na realidade um insulto personalizado... o meu texto devia ter rezado assim: "Conheço uma mulher casada, que se assume como heterossexual e com a qual eu me envolvi há uns anos atrás, que é uma cabra. E o marido dela é um parvo dum cornudo que acredita em todas as mentiras que ela lhe diz." E pronto, foi o meu momento "lavagem de roupa suja em público" pleno de insultos dirigidos a uma mulher muito egoísta que um dia quis o "melhor dos dois mundos" sem pensar nas consequências dos seus actos e sem ter a mínima intenção de se responsabilizar por eles. A reportagem da revista Sábado fez-me revisitar o meu passado e despoletou em mim uma raiva que já não sentia há algum tempo.
Mas, e como em tudo há sempre um mas, infelizmente os meus insultos atingiram outras pessoas e a elas eu peço imensa desculpa. A diferença entre essas pessoas e as verdadeiras "cabras" é que elas sentem um enorme peso na consciência, sabem que estão a agir de forma errada e procuram desesperadamente uma saída para uma situação de duplicidade que as torna infelizes. Solidarizo-me com elas, e mais ainda me enerva esta sociedade de hipocrisia que tenta vender a parte boa das relações extraconjugais sem se focar e aprofundar mais a parte má. Há muitas mulheres a sofrer por esse país fora e eu, feito elefante em loja de cristais, ainda as magoei mais... peço mil desculpas a essas mulheres e desejo-lhes muita sorte e coragem para tentarem encontrar o seu caminho.
19 comentários:
Agora sim!
*CLAP*
E não há por aí uma alminha iluminada que faça o favor de aqui comentar o bonito artigo de opinião intitulado "Ich bin ein Homosexueller" escrito por Joel Neto na última Notícias Sabado? Ou terei sido a única a não apreciar muito, em particular, aquela finalização?...
Peço já desculpa por calcular que não seja o local ideal para deixar uma sugestão, mas não sabia outra maneira...!
Cumprimentos
Felicitações pela franqueza com que expões o teu pedido de desculpa! :)
Obrigada, desculpas aceites.
SHANE
Não sendo uma dessas mulheres e não me tendo sentido ofendida de forma alguma com as tuas palavras, apenas não gostei da ofensa, do uso de palavras grosseiras que atingiam de forma generalizada, devo agora 'tirar o meu chapéu' por este post.
Todos temos 'fantasmas no armário'. Apenas deixaste que um deles influenciásse a tua crítica à reportagem, mas retrataste-te perante essas mulheres que não encaixam no perfil de quem pretendias atingir. E isso nem toda a gente o faz. ;-)
Também eu sou contra a hipocrisia, seja sobre o que for, em que situação for.
No meu caso, apenas tive uma experiência concreta e assumo-me inteiramente como heterossexual.
Mas respeito tudo e todos, seja qual for a sua orientação sexual, preferência ou o que entendam melhor chamar.
Desta vez, além de um bem haja, deixo um abraço.
Não que isso lhe faça diferença, sei bem, eu cá não tenciono por cá mais os pés, os dedos ou a vista…
Então faz um post ressabiado (com ou sem fundamento, é-me indiferente) a falar do branqueamento da traição que era, à data, a única coisa que conseguia ver na reportagem. Concordei com algumas coisas, eu própria não gostei.
Depois vem cá e faz uma espécie de Mea Culpa e diz, pronto, coitadinhas das que o fazem mas têm problemas de consciência e tal… e das que não se conseguem assumir.
Mais uma vez lhe passou ao lado a Bissexualidade, como se no seu mundinho quem fosse para a cama com mulheres fosse de imediato homo. Aliás, retorcidamente, é certo, esse era o tema da reportagem, a bissexualidade!!!!
A mim parece-me sempre que quem mais luta pela igualdade é quem mais ostraciza. Mas bem, fique lá no seu mundinho de preto e branco que o meu, felizmente, e sem qualquer problema de consciência, é de muitas cores!
Ai ai ai... eu não tenho nada contra a bissexualidade, já o disse imensas vezes. O meu post (aliás ambos os posts) eram uma crítica a uma mulher casada que gosta de estar com outras mulheres mas que se assume como heterossexual.
Para mim uma mulher que tem um relacionamento com outra mulher pode perfeitamente vir a ter um relacionamento posterior com um homem (veja-se o caso da Anne Heche!) e assumir-se bissexual ou heterossexual ou como melhor entender.
Eu falava duma situação específica em que achei que a pessoa em causa estava a ser hipócrita por se assumir como heterossexual mas depois gostar e procurar outras mulheres para relacionamentos sexuais!
Ai e em relação ao artigo do Joel Neto não o consegui encontrar... mas se alguém me puder facultar o link teria todo o gosto em comentar! :)
Miranda,
culpas à parte (as suas, as minhas, sejam elas quais forem...), a leitura dos seus posts continuará a ser uma boa companhia no (des)caminho dos meus passos e tropeços.
Obrigada :)
Não acredito que devesse aqui pedir desculpa: é a sua opinião. E como ainda estamos num país que aparentemente goza da liberdade de expressão, está no seu direito.
Se ofendeu alguém (como eu mesma, neste caso) é porque esse alguém tinha motivos para se sentir ofendido, porque se reviu na posição!
Pelo contrário, sinto que o seu post foi muito útil, foi uma "bofetada" que precisava de levar, de forma a reflectir e analisar as minhas atitudes.
Contudo, a exposição dos seus motivos, apenas me fez ver que é humana, que como MULHER sente dor, mágoa e até ódio.
Da minha parte, continuarei a ser leitora assidua deste blog, sejam as suas opiniões correctas ou incorrectas. Afinal ninguém é perfeito, mas todos temos direito a agir e pensar de acordo com os nossos principios.
Eu não me revi nesse papel e não me senti ofendida. Acho é que a liberdade de expressão não deve ser "mal educada", como disse em comentário ao outro post. Dou o exemplo do João Pereira Coutinho do Expresso que literalmente goza com as pessoas de quem não gosta e como resultado, pouco se aprende com argumentos baixos.
No entanto,e é para isso que estou a escrever, é de louvar a atitude de reflexão da autora, que quer se discorde quer se concorde, teve a humildade de pedir desculpa, pois a sua razão não era aquela que parecia.
Parabéns pela coragem.
Num post anterior, li um comentário de alguém que não me recordo que dizia uma coisa muito verdadeira: sexo é sexo.
Vocês aqui discutem e discutem o artigo...Está feito, já saiu, pronto.
As pessoas sentem-se atraidas umas pelas outras porque sim, não porque somos A ou B. Este sitio devia de ser um cantinho onde se ignorasse esses rótulos, mas parece-me o contrário.
Repito que também não gostei de ler que andei nua pela cozinha, porque não foi esse o contexto. Mas alguma vez me ponho a atacar a reportagem? Caguei.
Beijos
Sinceramente pessoal, acho que a maior parte das pessoas está a confundir uma coisa, e na minha opinião é uma falha na própria reportagem ... ou seja ... Fetiche!
E na maior parte dos casos tudo aqui que li são fetiches sexuais. Nada tem a ver com homosexualidade.
Porém, convenhamos que temos sido "vítimas" de uma moda.
Tal como foi moda o SM | o swing agora chegou a vez das mulheres.
Uma mulher hetero que deseje ir para a cama com uma mulher não a faz lésbica, tal como, uma lésbica que tenha um fetiche de ir para a cama com um homen não a faz menos homosexual.
Muito, muito haveria a dizer sobre este assunto ... mas penso que isto resume um pouco.
Beijinhos
Helena, concordo contigo. Foi-me feita a pergunta imensas vezes pela jornalist, se sou bi. Eu sei lá se sou bi ou não...nem perco tempo a pensar nisso. Há pessoas que me atraem, outras não. Por acaso agumas delas são mulheres... :-)
...não sei se fui o culpado ou não pelo facto de ter sido inundada de reclamações ao seu post ( divulguei o post da polémica um pouco por aí!). Apesar de estar no lado obscuro da lua costumo viajar por aqui! Seja como for...o mea culpa está delicioso e bem esguiçado...não há nada a desculpar, pois vocês são assumidamente vitímas nesta sociedade moralista de "falsas virtudes"...bons devaneios e parabéns pelo blog!
Ai ovo mas essas reclamações foram boas para mim porque me levaram a pensar nos motivos que me levaram a escrever o "post da polémica", que realmente não eram os melhores! :P
Pessoalmente não me sinto "vítima" mas sei que tenho muita sorte em relação à minha família, aos meus amigos, colegas de trabalho e entidade patronal que se alguma vez me "descriminaram" foi duma forma positiva! :)
Compreendo-te...também sou assim, por vezes. Temos tendência a explodir porque algo nos toca e revolta e esquecemos que há sempre dois lados numa moeda; dois pontos de vista ( pelo menos) numa história. A infidelidade ( hetero ou homo) não é, à partida, um crime. Tudo depende daquilo que cada um valoriza. Também me revoltou que se procure ganhar dinheiro com uma situação que só @s visad@s diz respeito. E entristece-me que algumas mulheres ( com alguns homens) seja forçados a viver a sua homossexualidade como clandestinos. Há, de facto, situações que não dão alternativa... Cada um tenta encontrar o seu caminho confome pode e sabe...Felizes os que procuram a felicidade , não os que a encontram sem esforço. Beijokas
Concordo em absoluo com uma coisa: o mundo homossexual é mesmo a preto e branco...Maior xenofbia só a dos padres e mesmo assim...nem todos.
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