Um dia acordei e um estranho pensamento assolou-me a mente “Eu nunca tinha tentado engatar ninguém!”.
Esta falha na minha vida devia-se a um sem número de razões: 1º ainda estava no armário; 2º tive namorada durante muito tempo e só agora me encontrava livre; e 3º, não saia para sítios gay e tinha medo de atirar ao lado (em cheio numa straight e com sorte com um namorado grande).
Uma noite saí com os meus amigos da faculdade, e fomos parar a uma discoteca da noite lisboeta. Algo em mim nessa noite estava aos saltos (não sei se era da lua cheia, ou dos sapatos apertados), mas nessa noite eu fiz a minha 1ª tentativa de engatar uma Sr.ª na noite.
Ora lá estávamos nós, um grupo grande numa discoteca pequena. Eu e um grande amigo meu tínhamos engatado numa conversa séria, e continuamos a conversar ignorando a música e as pessoas. A certa altura escolhemos um sítio estratégico, com vista para a pista, bem perto do bar, e colamos ombro com ombro falando um com o outro, mas olhando os dois para a frente.
Foi quando a vi. Uma miúda com um ar agradável, que estava a dançar num grupo com outras miúdas, rodeadas de Sr.s, a quem elas não ligavam a mínima. Pareceu-me bom sinal. Comecei a fixar o olhar na Sr.ª, ela estava consideravelmente longe, de qualquer forma, lá me viu… Começaram os olhares (que entusiasmada que eu estava, que bem que me corria, a minha 1ª tentativa, a minha 1ª escolha e tudo me corria bem, havia correspondência).
Estivemos nisto uns bons 15 minutos, a conversa com o meu amigo fluía e ele nem aí para as minhas segundas, terceiras e quartas intenções. A determinada altura ela pára de dançar, e começa a fixar-me ao ponto de eu começar a desviar o olhar. Agora perguntem-me porquê…
É claro que eu só queria ver como seria, ver como me correria se eu efectivamente quisesse “caçar”, claro que não me passou sequer pela cabeça que poderia resultar, nem o que faria se resultasse (burrice, eu sei!). E agora estava confrontada com uma situação que eu não queria, nem sequer achava possível.
Ela a determinada altura começa a avançar para mim, de olhar fixo, parecia que as pessoas na pista abriam caminho à medida que ela se aproximava delas. Era mais bonita perto do que à distância, tinha um passo determinado e movia-se com segurança (estou lixada com f grande, onde me fui meter? Agora que quero esta situação não posso… O que digo ao meu amigo? Com licença que eu quero conhecer esta Sr.ª, by the way I’m Gay… Não me parecia viável)
Ela chega-se a mim, mais perto do que seria normal, puxa de um cigarro, sem nunca desviar o olhar do meu e diz:
Ela – Dá-me lume!
Eu coro, eu desvio o olhar, eu tento sacar o isqueiro (como é que ele se enleia no cinto?), o meu amigo olhava para mim e para ela, eu olho para ele com o ar de “não olhes para mim, sei tanto quanto tu”. Ele tira o isqueiro e oferece-lhe lume, ela não aceita de imediato e fica à espera que eu me continue a debater com o meu isqueiro, o meu cinto e as minhas calças. Por fim, aceita o lume que o meu amigo lhe ofereceu. Dá a 1ª passa, expele o fumo para o ar e volta-me a olhar, eu torço e contorço-me a fugir do olhar daquela felina. Ela olha uma ultima vez e diz:
Ela – Bem me parecia!
Eu respiro enquanto ela volta para a pista, olho o meu amigo e digo eloquentemente:
Eu – Ele há cada uma, vá-se lá entender… Onde íamos?
Ele encolhe os ombros e continuamos na conversa, eu mudo de posição e ponho-me de costas para a pista, para esconder a minha vergonha.
Enfim… Sai mais um pedido de desculpas público… Desculpa! Foi sem querer, inexperiência sabes…