Não, este não é um post sobre sado/masoquismo nas relações lésbicas! (Infelizmente)
Entalei um dedo na porta do carro. A dor foi de tal forma massiva, que pela primeira vez na vida, achei que ia desmaiar.
Estava a chegar a um dos meus trabalhos nocturnos, tinha 15 pessoas à minha espera para dinamizar uma sessão de trabalho, e ao fechar a porta do carro entalei o dedo! Entrei no edifício com o dedo a sangrar, albardada como um burro, com o portátil, livros, pasta e mais umas coisas necessárias à minha sobrevivência pessoal, dirigi-me à casa de banho, embrulhei o dedo em papel e voltei ao lobby para me sentar no sofá, porque me sentia a desfalecer.
Depois, do aparato de águas, preocupações e recomendações, optei por aguentar e fazer a sessão na mesma, relegando para segundo plano a necessária ida ao hospital (há mais de uma década que não dava entrada numa urgência, e estava a tentar mobilizar-me interiormente para fazer face ao que me esperava, a dor física era o menos).
Agora expliquem-me como é que entra aqui a libido? Ou eu sou uma pessoa muito estranha, ou os pensamentos sexuais, ultimamente, têm mobilizado uma grande parcela do meu cérebro, ou a dor levou-me à loucura (a saber que os meus amigos também não ajudaram nada à festa)!
Primeiro telefona-me uma amiga minha (20 minutos depois do sucedido, ainda com o dedo embrulhado em papel), explico-lhe porque estava com aquela voz, e começa a rebaldaria e a galhofa.
Ela – O dedo? De que mão?
Eu – Direita… Fogo, logo a direita!
Ela – Sabes que a nós, não nos fica muito bem magoar dedos…
Eu – (…)
Ela (a rir) – Quero ver como te vais safar…
Eu – Não me faltava mais nada, nem tinha pensado nisso… Olha chamo-te a ti!
(O resto da conversa foi censurado, por motivos óbvios)
Às 22:30 termino a sessão, saio do edifício e já tinha a Miss Shirley B. à minha espera. Marcha acelerada para o hospital. No momento da triagem somos separados, eu sigo e ele tem de ficar na sala de espera.
Na sala da triagem sou atendida por uma enfermeira (que me deixou nervosa), nem a bata azul cueca conseguia dissipar a beleza da Sr.ª, como se não bastasse tratou-me bem e cheia de doçura (a vontade que eu tive de desatar a chorar para ela me dar colo, que bem que eu ficava naqueles braços).
Saí da sala de triagem a pensar que deveria estar louca (ora pensem comigo: estava cheia de dores há 4 horas, de tal forma, que até gaguejava; estava num hospital que só por si é inibidor de qualquer tipo de fantasias e imaginação, para mim claro está; esperava-me o agudizar das dores assim que começassem a mexer-me no dedo; e a única coisa em que conseguia pensar era em tirar a bata à enfermeira).
Bem, radiografias e de volta para a sala de cirurgia, atende-me uma médica espanhola, de 1,65 cm, morena, acompanhada de outra médica espanhola de 1,80 cm loira (morri e fui parar ao céu?). Tratam-me bem, muito bem, sorriem, vão falando enquanto me fazem mal, explicam os procedimentos, e até festas na cabeça enquanto esperneava tive direito (sai de lá a pensar que a três poderia ser bem interessante).
Uma hora e meia depois de termos sido separados, chego ao pé de M.S.B.
MSB – Como tas amor? Partiu?
Eu – Não, tá inteiro… Só me arrancaram a unha!
MSB – E viste alguma coisa de jeito? É que eu já me apaixonei…
Eu – Quem?
MSB – Aquele lindo que está ali!
Eu – Bem, a enfermeira era de estalo, e as médicas que me atenderam… Hum!
MSB – E para mim? Viste alguma coisa de jeito lá dentro?
Eu – Vi uma espécie de J. Clooney a passar nos corredores, ficaria bem no teu braço!
MSB – Cabelo preto, desta altura?
Eu – Han, han…
MSB – Também vi, lindo! Bem, vamos pagar e vamos a um barzinho? Esta visita ao hospital abriu-me o apetite.
Por favor alguém me diga que não estou a ficar doida, que foi um surto de insanidade temporária devido às dores, que me fez disparar a libido…