Agora voltando atrás e abaixo verifiquei que poderei ter defraudado as expectativas de algumas leitoras mais atentas que buscaram o texto à procura de tórridas cenas de sexo sem delas verem nem um boi. Vou então contar-vos como se passou a minha primeira vez, a minha perca de virgindade por assim dizer, já que considero que foi com um brutal orgasmo que me despedi dessa pudica casca que carregava em mim e desde então nunca mais fui a mesma!
Há que acrescentar que os meus pais sempre quiseram ter um filho varão e quando eu nasci e notaram a falta de algo em mim sofreram uma grande desilusão, sobretudo o meu pai que nunca ultrapassou esse facto e me tratou sempre como se fosse o filho com que ele tinha sonhado. Depois da morte da minha mãe o meu pai continuou tratando-me como se fora filho homem agora com ainda mais convicção. Felizmente nunca cá sofri de perturbações por ter tido uma infância desregrada e feliz, já que aos putos se dava mais liberdade do que às miúdas e assim que se me vieram as curvas e outras coisas que essas sim poderiam não ter vindo, gostei de me ver e saber mulher e não deixei de olhar para a Maria Cristina da mesma forma do que antes ou até com mais intensidade e vontade do que antes.
Ai a Maria Cristina... que recordações picantes me sobem à memória sempre que me lembro dessa bela rubia de pele morena que cheirava sempre a tardes solarengas passadas entre correrias e risos juvenis à beira do único regato digno desse nome lá nas terras fronteiriças que os seus abuelos possuíam. Mari Cris era meio espanhola e era de uma beleza rara que me fazia eriçar todos os poucos pelitos que possuía sempre que a via chegar para mais uma temporada de férias no campo. Acho que não havia moço da aldeia que não cobiçasse a pequena, e possivelmente algumas moças também porque a beleza quando é assim tão forte e evidente apela a todos os géneros e feitios.
Mari Cris gostava de mim, achava-me uma certa piada pelo meu ar meio assexuado. Estou em crer que foi ela que me seduziu, ela com os seus modos e maneiras e os seus jeitos femininos e sensuais... foi ela que preferiu uma iniciação diferente do que aquelas que as suas coleguinhas de escola lhe relatavam, feitas de suor, sangue e lágrimas e pouco ou nada agradáveis para as meninas que assim se queriam tornar mulheres. Os rapazes são brutos, quase selváticos no que toca ao sexo e não era pela dor que Mari Cris se queria transformar.
Lembro-me perfeitamente desse verão, como se fosse hoje. Lembro-me dessa tarde em que Mari Cris me levou para a casa vazia dos seus avós e me disse que quando dali saísse já não seria a mesma. Lembro-me de tomarmos banho numa banheira enorme cheia de água morna e perfumada. E de como ela me olhou nos olhos e sem nunca os fechar me beijou na boca. E eu fechei os meus e senti um frémito interior tão grande que pensei que seguramente enlouquecia. Temporariamente sim, deixei-me ir entregando-me nas mãos dela que me ensaboavam as costas e os braços e as pernas numa tentativa de me transformar em algo decente e apetitoso para a sua boca que eu sentia colada ao meu pescoço subindo e descendo lentamente em beijos longos e quentes.
Secámo-nos e deitámo-nos na sua cama, uma cama de dossel enorme que Mari Cris me dizia ter pertencido a uma duquesa que ali mesmo se envenenou para acabar com o sofrimento de um terrível desgosto de amor. Para mim era seguramente a cama mais maravilhosa e confortável onde já me tinha deitado e não perdi um só momento a pensar nessa outra alma torturada quando a minha estava a pontos de ser purificada. Ai a Mari Cris e as suas mãos quentes de fada que me volteavam massajando-me e tocando-me e puxando-me para si, encostando-me aos seus peitos redondos e perfeitos como dois pêssegos maduros com a pele prestes a estalar.
É duro confesso... mas ela merece que eu conte esse dia em que ela me transformou numa mulher. É falso quem diz que uma mulher não sabe o que fazer a outra mulher. As mulheres que não sabem, não querem, nem gostam de tocar noutras mulheres dificilmente saberão, quererão ou até gostarão de tocar em homens ou até nelas próprias. E quem não gosta de si mesmo nunca gostará de outro alguém a pontos de lhe querer proporcionar momentos de prazer inolvidáveis. É de sexo que aqui se trata, mas de sexo com estilo e com alma, nada desses rituais rotineiros que os casais tanto enaltecem para justificarem qualquer coisa que não tem justificação possível uma vez que o desejo ou existe ou não existe e o sexo ou é maravilhoso porque há sintonia ou então torna-se num banal acto mecânico vagamente frustrante.
Como eu desejava a Mari Cris... e ela sabia-o, sentia-o e nesse dia provou o quanto também ela me desejava a mim. Foi um anjo que me agarrou e me prendeu contra si. E foi um demónio que soltou os seus dedos dentro do meu sexo molhado e latejante. Acariciou-me ao mesmo tempo que me enchia a cabeça de palavras que eu nunca antes ouvira. Em círculos, em passagens suaves alternando com outras mais pujantes, abriu-me o sexo e penetrou-me com os dedos que prontamente lambeu, sorvendo cada gota do meu sabor como se fosse o líquido mais precioso e saboroso à face da terra.
Ai Mari Cris... fez-me vir como se fosse eu mesma a fazê-lo, tocando nas pontas soltas que ansiavam por ser estimuladas. Não sei durante quanto tempo me vim, na altura os espasmos prolongaram-se durante uma pequena eternidade... e quando voltei a mim senti uma vontade tão grande de lhe oferecer o mesmo sentir que a puxei contra mim e a sentei na beira da cama, abrindo-lhe as pernas sem pudor e sentindo o seu calor e o seu cheiro a chamarem por mim. Não há prazer maior do que ver o sexo da mulher amada chamando por nós assim. Especialmente e sobretudo porque é mais o que se esconde do que aquilo que se vê e é precisamente no que se esconde que residem os maiores segredos e as maiores descobertas. Nunca na minha vida tinha provado nada tão doce, tão sublime, tão forte e tão intenso. Dizem-me que há mulheres que possuem sexos salgados, talvez derivado àquilo que comem, mas o sexo de Mari Cris era muito doce, inebriante mesmo.
Senti-a ofegar, senti que algo nela estava a mudar enquanto o seu líquido escorria pela minha boca num caudal cada vez mais abundante. Mari Cris, Mari Cris, vem-te Mari Cris e baptiza-me para a vida, para o amor e para o sexo!
Ai e fazê-la vir... e como ela se veio... e eu de joelhos sem querer largar aquele sexo poderosamente magnético. Por muito que tenha gostado de ter tido o meu primeiro orgasmo nunca poderei comparar ao que foi proporcionar um orgasmo a uma outra mulher e para mim é por aí que o sexo no feminino me valida e me completa. É um gesto de altruísmo só alcançável por uma mulher. São raros os homens que não são egoístas por natureza, que não pensem sempre e em primeiríssimo lugar no seu próprio prazer, talvez porque em termos reprodutivos é mesmo assim que tem que ser.
Mas em termos humanos o sexo sempre foi, é e será como cada um@ de nós assim o desejar. Mari Cris abriu-me os olhos e o corpo para o sexo feito de paixão e cumplicidade e eu nunca mais quis nada que não fosse assim, leve, intenso, poderoso e libertador!